sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nerthus

Para os antigos povos germânicos, Nerthus era uma deusa associada com a fertilidade. Em Germania, o historiador romano Tacitus a identifica como a “Mãe Terra”. Jacob Grimm a identificou através de muitos outros nomes, como Erda, Erce, Fru Gaue, Jörd, Fjörgyn, Frau Holda e Hluodana, entre alguns outros ou derivações destes. Sem sombra de dúvidas, era uma divindade popular a muitas das tribos germânicas.

Acredita-se que seu santuário ficava localizado em uma ilha no Mar do Norte (provavelmente, a Dinamarca). Lá, em um bosque sagrado, ficava a sua charrete, a qual era puxada por duas novilhas durante a sua procissão anual na primavera. Nela era colocada uma estátua da deusa, coberta com tecido. Somente ao seu sacerdote era dado o direito de tocá-la, e somente ele sabia o exato momento em que a própria deusa estava presente na charrete. Ele então a conduzia até um lago sagrado no continente, e durante este percurso, por onde quer que a charrete da deusa passasse, não podia haver guerra, lutas ou conflitos, e todas as armas eram postas de lado, uma vez que Nerthus exigia paz e tranqüilidade para poder presentear o povo com suas bênçãos de prosperidade.

Ao chegar ao lago, sua charrete e a própria deusa eram lavadas por escravos que, terminado o serviço, eram ali mesmo afogados, uma vez que o direito de ver sua face era dado somente (com exceção de seu sacerdote) aqueles que agonizavam para morrer.


Os Sacrifícios à Nerthus

Como exposto anteriormente, sacrifícios através do afogamento eram dedicados à Nerthus. Especula-se que ela possa ser a mais antiga deusa germânica. Estima-se que seu culto sacrificial teve inicio durante a Idade do Ferro – com certeza um culto Vanir, um culto da natureza, de vida e morte, com sacrifícios para pedir a abundância na maioria dos casos.
 
Em 1952, o corpo de uma menina de 14 anos foi encontrado numa sepultura rasa, numa turfeira em Schweslig, Dinamarca. Ela havia sido levada para o local nua e vendada, e tinha sido afogada em cerca de 20 polegadas de água. O crime não era recente. Ele ocorreu na Idade do Ferro, durante o primeiro século da nossa era, período em que, como exposto, acredita-se já existir um culto à deusa Nerthus. O corpo da menina, como centenas de outros, havia sido perfeitamente preservado pela estranha propriedade química do pântano.
 
A menina, como o Homem de Grauballe (encontrado com sua garganta cortada) e o Homem de Tollund (encontrado com um laço de couro em torno do pescoço) foram todos mortos como sacrifício à divindade feminina, vítimas de ritos de fertilidade. Os praticantes desse antigo culto na Escandinávia e no norte da Germânia usavam colares no pescoço ou garrotes para mostrar sua subserviência à deusa. Algumas vítimas masculinas eram estranguladas ou enforcadas. Um laço ou corda era freqüentemente colocada em volta do pescoço da vítima masculina, independente do modo como seria morta. A corda, laço de couro ou garrote, era simbólico das vítimas da deusa – como descrito na página 60 de The Bog People, do prof. P. V. Glob: “O homem morto havia sido trazido para a turfeira nu, exceto pela corda em volta do pescoço”.
 
Os corpos nus encontrados nos pântanos dinamarqueses indicam sacrifício por afogamento. O uso de cordas e amarras dentro de alguns ritos se deve principalmente, antes de qualquer função prática, ao seu simbolismo. Amarras, cordas,  foicinhos e o garrote era considerado seu símbolo, por feiticeiras que mantiveram seu culto após a chegada dos deuses Asen no norte da Europa. Mais tarde, veio a se tornar um modo de sacrifício também dedicado a Nerthus.
 
Enquanto que a morte por afogamento está associada à deusa (assim como o sepultamento), o enforcamento era uma prática mais recente, primeiro associada à Odin (assim como a morte por destroçamento), e somente posteriormente associada à Nerthus.

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