sexta-feira, 29 de julho de 2011

Gefjon

Gefjon, Gejfun, Gefion, Gefiun, Gefinn, Gefn. A Doadora.

A história desta deusa começa quando Snorri escreve no Gylfaginnig (considerado o prólogo de sua obra), que a deusa disfarçada de mendiga, teria a mando de Wotan visitado o rei Glyfi, da Suécia, para conseguir terras para morar.

O rei teria dito que a ela pertenceria a porção de terra que conseguisse arar em uma noite e um dia. Gejfion então traça seu plano. Ela se dirige a terra dos gigantes, Jotunheim, e lá se deita com um deles, do qual engravida e dá a luz a quatro filhos - os quais ela transforma em seus bois. Com eles, arou o solo da Suécia. Os sulcos de seu arado foram tão profundos que o mar penetrou a terra, separando parte dela, fazendo assim surgir a ilha dinamarquesa de Sjælland (Seeland, Zelândia), onde foi construída Leire(1), a sede dos reis e de seu santuário. Do outro lado, no vazio que ficou, surgiu o lago Mälaren.

A Edda cita Gefjon como sendo uma deusa Asen (uma Ásynja/Asynjor), o que pode causar algum espanto, uma vez que os aspectos que ela rege estão mais frequentemente associados com os Wanen.

Na Ynglinga saga, é dito que ela se casou com Skjöldr (Scyld), o deus-rei filho de Odin, que teria aportado nas terras dinamarquesas levando paz e prosperidade. Desconfia-se que o nome da antiga capital, Roskilde, seja uma homenagem a ele.

Na Lokassena, Loki a acusa de ter, assim como Freyja, se prostituído em troca de um colar. Ela teria se deitado com um “garoto branco”(2), que alguns estudiosos sugere ser o próprio rei Gilfy – o colar, portanto, como um kenning para a terra a qual ela se prostitui em troca da permissão de arar. Alguns outros estudiosos, no entanto, que tal jovem possa se tratar do deus Heimdall.

Ainda na Lokassena, é dito por Odin que a deusa conhece todos os ørlög, e por esse atributo, ela é freqüentemente confundida com Frigg - mas seguramente, são deusas distintas. É dito que Gefjon era servida por virgens, e que as almas das mulheres que assim morressem estavam sob seus cuidados, mas a virgindade da própria deusa é contestada e contraditória nas antigas fontes.

Em Copenhagen, na Zelândia, uma estátua-fonte foi erguida em sua homenagem, a quem a tradição atribui a origem da dinastia real da ilha e da Dinamarca.



Notas:

(1) Em geral, “branco”, “alvo”, “pálido” são atributos designados aos gigantes do gelo, que são frígidos e inexpressivos como o inverno. Isto está no Skirnismál, quando Snorri descreve a giganta Gerdr e sua natureza “branca”, “pálida” e “inexpressiva”. Por este motivo, o “garoto branco” citado por Loki provavelmente é uma referência a Gylfi, o rei gigante.

(2) Leire é a região de dinamarquesa de Illerup Adal, segundo o historiador alemão Thietmar de Merseburg e Nigel Pennick.

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